quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Difícil definir-se sem a tristeza
Ainda mais tentar esquadrinhar estes versos
É dela que vem as inspirações
De amores desfeitos, perdidos e largados
Em meio a turbilhões nocivos
Carregados de dores ambituais
Cheia de leves desesperos
Filhos pródigos das mais abissais esperanças
É dela que surgem os ébrios
Em sua sina aluada
Entoando as mais doces cantigas vagas
Lembradas apenas pelos que sofrem do mesmo mal
Combustível de poetas e rameiras
O olhar no horizonte do estivador

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Seria tão fácil te entender
Começaria aos pouquinhos
Através de sorrisos escondidos
Lábios mordidos
E doces fios de aromas em teu véu

E foi fácil no começo
Eu escutei, chorei em segredo
Guardei algumas palavras
Outras inventei na hora
Mesmo assim comecei a entender

Nos teus olhos vi a súplica
De amar, ser aceita e aceitar amar
Cintilavam lascívia e desejo
Queimou-me bem fundo
Bem no meio levemente esquerdo

E me consumiu
Formou-se brasa
Sufocando-me em meio a cortina cinza
Fazendo meus olhos arderem humidos
Minha garganta gritar em pausa

E como inflamou-se celeramente
Acobertou-se em meio a foligem
O que eu tinha entendido
E o que mais vim a entender.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não sei se o que sinto é saudade
Na verdade nem sei explicar o que é
É falta, é vazio, é nada
É tudo isso misturado e mais um pouco.

Pode ser devaneio, pode ser sanidade
Mas ainda não sei se é saudade
Isso porque não lembro mais de seu sorriso
Ou talvez eu não consiga esquece-lo.

Não sei porque isso vem acontecendo
O tempo passou da conta
Mas sua voz ainda ecoa em minha cabeça
E dói, muito.

Poderia ser diferente, claro
Mas se fosse não estaria nesse sufoco
Vontade de gritar seu nome
De te amar, com lábios grudados e mãos suadas

Ainda não sei se é saudade
Queria que fosse
Mas não posso querer tudo de uma vez
E não me contento com que sinto.

domingo, 4 de julho de 2010

Folha

A vida em uma folha?
Quando cai de seu salão
Ela baila em um ritmo entrópico
Vivaldeando no éter
Até seu derradeiro pousar
Estática na relva
Essa folha é única
Em seu quebra-nozes mortal
Aclamada pelas outras bailarinas
Já desfeitas em seu Bolshoi arbóreo.