sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pinheiro

Foi quando eu parei, não via mais nada.
Tive que interromper, não era mais eu.
O sangue escorria pelas minhas mãos.
Descia bem lentamente, vicosamente na lâmina.
Debaixo de meus pés, um lamaçal rubro.
Uma orelha, um dedo.
Se percorresse os olhos pelo campo, cabeças e membros.
Troncos de ambos os tipos, ali deitavam.
Eu era morte.
Foi então que parei. Ainda havia outros.
E eles não paravam.
Triste é o fim, um doce alívio.
Mas não queria encerrar.
Entenda, eu tive que parar.
Ao lado de setenta.
Exausto, fui caminhando.
Começou uma fina chuva, cansativa.
Não lavava nada. Chorava de fato.
Eu tive que parar.
Mas não pude.